terça-feira, 4 de julho de 2017

4º parto - agora a mãe!

Ainda não tinha vindo aqui porque me sinto ainda absorver tudo!

Aos poucos lembro-me de mais um ou outro pormenor e saboreio o momento.

Nunca tinha pensado num parto como um momento bonito... pelo contrário, e apesar das três experiências diferentes que tinha tido, achava tudo muito animalesco.

Quando era miúda, lembro-me de ter visto a gata da minha prima a ter gatinhos e achava que associava tudo ao mesmo :P

Sei que nada está nas nossas mãos, por isso o que vou escrever agora pode cair em "saco roto" porque sou daquelas pessoas que entrega tudo nas mãos de Deus... sempre disse que gostava de ter quatro filhos, acreditando que mudaria de ideias, porque é difícil, porque não ia ter dinheiro, porque... porque...

Apesar de nos sentirmos muito felizes e completos com as três miúdas, ficarmos grávidos do quarto não foi nenhuma desgraça, mesmo não tendo sido planeado ou esperado ou desejado ou querido. Foi uma surpresa e vivemos tudo como uma surpresa, mas vivi tudo a pensar é a ultima! (reforço a ideia de que sei que não está nas minhas mãos mas é o que sinto).

Tive sempre partos diferentes... na primeira gravidez, entrei para fazer um ctg a médica fez toque e comecei a sangrar. Era super fresquinha e sei que tive pouco mérito no trabalho de parto... não dilatei e a Guigas nasceu de cesariana. Foi um momento bonito, apesar de não poder ser partilhado com o pai, mas em que senti tirarem a miúda, ouvi-la chorar, mostrarem-na...

No parto da Matilde combinado com a médica, foi mais lento com epidural e um momento que descrevi na altura como muito bonito, ajudou-me a ganhar consciência de que é preciso fazer uma força enorme. O que retenho hoje era de várias pessoas me dizerem para fazer força e eu quando falo disso lembro-me de dizer que fiz mais força do que a minha maior força! 

No parto da Mafy dada a rapidez dos acontecimentos e por não ter conseguido levar a epidural aprendi oura coisa, é que além da minha maior força, a força tem de ser feita durante um período contínuo de tempo. Não é um bocadinho, é algum tempo seguido a fazer aquela força toda... 

Também aprendi com esta experiência toda, que há muitas coisas que não se ensinam na preparação para o parto. E que há coisas que deviam ser ditas de forma muito crua porque nós mães prestes mesmo a sê-lo ou acabadinhas de o ser, com hormonas aos trambolhões devíamos conseguir ter noção que outras mulheres passam pelo mesmo e assim já estávamos mais ou menos preparadas.

O parto do Martim, começou as 5h30 da manhã com a primeira contração. Assim que a senti percebi logo que ia ser! Outra às 6h00 e pensei: "de meia em meia hora dá para esperar e levar as miúdas à escola"... outra às 6h15: "hum se calhar não dá"... outra as 6h30: "JP é agora!"

Levantar, vestir, ligar à avó para ficar com as miúdas, preparar as coisas todas para levar e ir, chegámos ao hospital às 7h50. A enfermeira fez o toque: "3 cm, colo favorável, está muito bem e vai ser rápido".

Levaram-me para a mesma sala de dilatação onde já tinha estado quando foi a Guigas, deram-me o antibiótico porque o Stretocopus B era positivo por volta das 8h30 e fiquei à espera. Deviam ser umas 9h e tal passa a ronda das médicas, a dilatação ia em 5/6 cm vamos levar epidural.

O anestesista foi rápido a chegar e demorou meia hora a fazer tudo portanto já sem dores consegui relaxar ainda mais e entretanto o JP pôde vir ter comigo. Já tinha pedido para ele vir mas como estava a ser tudo tão rápido nem dava para o chamarem.

Por volta das 11h00 senti uma contração GIGANTE (mesmo anestesiada) e as águas rebentaram... o miúdo ficou doido e elas um pouco aflitas... Entretanto, uma mãe vai ter a criança e trocam as enfermeiras. Entra uma médica que diz que é melhor o Martim nascer, faz o toque e diz está com 9/10 cm vamos levá-la!

O JP ainda perguntou: Já? Perguntou-me se eu estava bem, disse-lhe que sim! Ficou descansado e vamos!

Já no bloco de partos entraram duas médicas, uma enviada pela minha queria Dra Amélia e percebi que seriam elas a fazer o parto. 

Perceberam, tal como eu já tinha percebido que ainda não estava no ponto e que a médica que me tinha mandado para ali se precipitou um pouco, mas conforme as contrações vinham e fui fazendo força, o Martim foi descendo.

Elas foram motivando, com tanta calma... é isso! A força é mesmo assim! Boa força! 

Mas a falar, sabem? Sem stress, sem estarem a gritar (foi para mim a grande diferença entre serem médicas ou enfermeiras a fazer o parto)... Ah! E esperavam que eu dissesse quando é que a contração vinha. Fui eu que disse sempre: vem aí uma!

E eu sentia que ele vinha aí :)

Olharam para mim e disseram: na próxima ele nasce!

Mentalizei-me e fiz força,sempre, sempre, sempre.... senti-o descer mas senti que a força ia falhar e a médica disse: não desiste!

Pensei: só mais um bocadinho e senti a cabeça dele sair. E logo, logo o resto do corpo deslizar... tal e qual lemos nos livros!

E juro que saboreei mesmo, mesmo o momento! Um momento bonito, de ternura, vivido e saboreado.

Tudo o resto é o normal, colocar em cima de mim, o pai cortar o cordão, pesar, recobro e isso tudo. O Martim nasceu às 11h34, dia 30/06/2017, com 3,4 Kg e veio pincelar a nossa vida de azul e na minha expetativa, promete pincelar a nossa vida com coisas muito boas.

A minha médica foi ver-me ao recobro e disse: no próximo já nem sabemos o que fazer para a surpreender que isto foi sempre a melhorar. Respondi-lhe: não quero próximo Dra, este foi para fechar em beleza e só tenho a agradecer-lhe por isso!

E é este sentimento que vivo, por agora! Estou a saborear tudo!







1 comentário:

  1. Boa Rita. O fecho em beleza é mais uma porta aberta para um Mundo que se quer melhor.

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